domingo, 12 de maio de 2019

Como a menina brincava com a cobra, o povo brinca com Bolsonaro

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Um do melhores artigos sobre o governo Bolsonaro em 4 meses

Certo dia visitando uma cidade do interior rural fiquei terrificado com a cena de uma garota de seus 15 anos com uma varinha curta na mão tentando bater numa ... cobra! E ela estava de chinelos de dedo, saia curta, as pernas e pés todos a disposição da cobra. "Essa menina deve ter problemas mentais, mas sera possível que ninguém esta vendo isso?! Estavam sim. Vi varias pessoas, adultos e crianças, nos quintais, nas janelas, passando ao lado na rua, e muitas, rindo!  - "Vocês tem certeza que essa cobra não e' venenosa? " 
- " Ah... é venenosa sim, cobra preta..."
- " Então essa menina não funciona bem da cabeça, não tem juízo certo... como vocês permitem isso?"
- " Ora, ela já é grande, que se cuide..."

Até hoje me lembro da cena e me pergunto como deve ser configurado neuronialmente os cérebros daquelas pessoas, totalmente diferente das pessoas, por exemplo, do primeiro mundo. Ninguém ficaria inerte ao ver aquilo, imediatamente afastariam a menina dali. 

Passados anos, numa época de eleições um vizinho na capital me diz que is voltar no Bolsonaro, ainda no primeiro turno. Eu me admirei, perguntando. - " Não é o candidato que fez apologia a tortura, elogiou torturadores, foi deputado 30 anos sem fazer nada, se revelou homofóbico e fazia sinal de violência com as mãos em forma de arma?!" - " Sim , mas o PT, essa quadrilha de comunistas ladroes é pior..." - " Como pior? Entre dois extremos piores não tem o pior. Você tem coragem de votar num cara sem a menor qualificação para o cargo e ainda perigoso? Tem vários outros candidatos, todos fraquinhos, mas que não são estas duas aberrações. Porque não escolhe outro ou não anula o voto?" - "Não, eu votar no Bolsonaro e pronto..."
Era novamente o mesmo caso da menina com a cobra. Esta disfunção cerebral era geral? Com adultos também? Onde entraria na cabeça de um cidadão civilizado votar num amante da tortura?! Esta certo que a explicação só pode ser que ele também não apenas aceita esta aberração como a tortura como também é amante dela. Mas diz o bom senso que nunca apoie ou queira do seu lado um amante da tortura porque você pode ser o próximo... Bem, esperar bom senso de quem e favorável a tortura seria burrice. Esse fenômeno surpreendente de se expor ao perigo mortal sem ter uma extrema forte justificativa de vida ou morte, quando a menina de 15 anos assim como os adultos que a assistiam e o adulto vizinho leitor demonstram que mantem o mesmo juízo de uma criança recém-nascida que não sabe dos perigos da cobra, indica apenas uma terapêutica: o pais estava precisando de psicanalistas.


E agora vejo este artigo que veio bem a calhar... vou ate copia-lo porque daqui uns 20 anos preciso recordar isso para não ficar pensando que sonhei essa coisa inacreditável...


Por Ruth de Aquino (Maio/12/19)

http://brasilsoberanoelivre.blogspot.com/2019/05/o-bbb-de-bolsonaro.html

A quem me dizia no ano passado que votaria no capitão como presidente não por ser a favor de Bolsonaro, mas por ser contra o PT, a corrupção e tudo o que estava aí, eu alertava para um perigo, que muitos achavam um mérito: a incógnita. Como seria Bolsonaro no Poder? Moderaria suas convicções para governar para todos ou radicalizaria? Já sabíamos que era homofóbico e idolatrava torturadores e ditadores. 

Sabíamos de sua confessada ignorância em Economia, mas havia o Paulo Guedes, que tiraria o país da recessão e aprovaria as reformas. Não sabíamos da total inapetência de Bolsonaro pela articulação política. Sabíamos que era boquirroto e bélico e que apelava ao homem comum e a um jeito tosco de ser. Sabíamos que a “arminha” com a mão era seu símbolo. Não sabíamos que usaria sua arma para dar tiros no pé e atingir o Brasil.

Suspeitávamos da má influência, no Planalto, da trinca da pesada Flávio, Carlos e Eduardo, amigos e vizinhos da criminosa milícia no Rio de Janeiro. Mas não sabíamos que eles se tornariam os porta-vozes do presidente, os intocáveis, “sangue de meu sangue”, com carta branca para “explodir” ministros e militares.

Não sabíamos que os filhos do presidente adotariam a vulgaridade virtual, sob o olhar terno do pai. O que o Brasil ganha com o exibicionismo da prole Bolsonaro e a verborragia de um metido a guru, Olavo de Carvalho? Nada ganhamos com a exacerbação do discurso ideológico. A direita já não venceu a eleição? Prometeu pragmatismo, seriedade, ordem e progresso. Até agora, e lá se vão mais de quatro meses, existe uma balbúrdia ensurdecedora. Até os evangélicos estão divididos.

Os palavrões de Olavo de Carvalho nas redes cairiam no vazio se não fossem validados pelo presidente. Bolsonaro já mostrou de que lado está. O das crises. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, silenciou para sair da linha de tiro de Carlos, o filho do meio. Mas não adianta. Com o aval do presidente, o Brasil está refém das fofocas de conspiração. Olavo foi condecorado. E elogiado por Bolsonaro como “ícone”, mesmo depois de depreciar uma doença degenerativa do general Villas Bôas, ex-comandante do Exército. Uma descortesia vexaminosa. Olavo virou papo de botequim, o cara que enxovalha as Forças Armadas e inspira presidente & filhos.

Quando Bolsonaro torna prioridade as armas para civis – porte, posse, munição – num país com desafios monumentais como o recorde de homicídios, a desigualdade, o desemprego, o saneamento, a educação e a saúde, é inevitável o medo do futuro. Os sinais estão trocados. Na Educação, o presidente estimula ensino domiciliar, religioso e militar. Corta nas universidades públicas com a desculpa esfarrapada de valorizar o ensino fundamental. O novo ministro que citou o livro "do Kafta" (sic) está obcecado com as drogas no campus, a ideologia dos professores e a formação de “militantes”.

Bolsonaro veta campanha de banco com mensagem de diversidade. No Turismo, nada de sexo gay, só com mulheres, podem vir, gringos heteros. Nas estradas, manda cancelar radares. Em área de preservação ecológica, quer criar uma Cancún. Na Saúde, manda suspender cartilhas de prevenção sexual para adolescentes. A ministra da Mulher, a sumida Damares, quer que as estupradas deem à luz e que as esposas aceitem a submissão. Quanto retrocesso. Eu me sinto num BBB de Bala, Bíblia e Balbúrdia.

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